Era uma vez uma princesa de um reino distante. Na verdade ela não era princesa, só tinha pose de princesa e o reino era de faz de conta.
Ela já estava na idade de casar, na verdade já estava passando da idade de casar, porque ninguém da realeza se interessou por ela. O Rei então resolveu aceitar um marido pobre, quer dizer, plebeu. Não só aceitou, como colocou um anúncio procurando um pretendente e sem nenhuma exigencia. Apareceram muitos candidatos. A fila era enorme, mas ela recusava a todos com todo tipo de desculpa. Um era alto demais, outro era muito baixo. Um era muito gordo, outro era magro demais. Um era muito branco, outro era moreno demais. Um tinha o cabelo muito liso, outro o cabelo era muito crespo.
O tempo ia passando, a princesa não decidia, a fila de candidatos não diminuia e o Rei se desesperava.
Foi então que ele entrou na fila: o pretendente.
Depois de muito tempo na fila, ele não tinha certeza de estar fazendo a coisa certa, afinal ele não conhecia a princesa, só a fama de ser muito exigente. Já estava para desistir, mas lembrou da ameaça de sua mãe antes dele sair de casa para procurar emprego: Se você não conseguir nada, pode pegar suas roupas e ir embora. Apesar de estar fazendo muito calor, ele se imaginava tiritando de frio embaixo de um viaduto. E neste reino nem tinha viaduto. Então ele decidiu, que se a princesa falasse que ele era muito alto, ele prometeria andar de joelhos. Se ela falasse que ele era muito baixo, ele prometeria andar de perna de pau; se ela falasse que ele era muito moreno, ele diria que tinha a fórmula do sabonete do Michael Jackson, se ela falasse que ele era muito branco, ele diria que era descendente de negros, e um solzinho já o deixaria moreno.
Todos os candidatos quando recusados, aceitavam sem reclamar e se retiravam. Chegou a vez do pretendente e ele pode observar a princesa. Ficou chocado com a sua feiura, mas lembrou do frio embaixo do viaduto. A princesa nem se dignou a olhar para ele e falou: este também não. O pretendente perguntou: por que, majestade? O que em mim a desagrada? Mas a sua voz saiu sem muita convicção.
A princesa ficou surpresa com a ousadia do pretendente e dignou-se a olhar para ele. Não viu nem um motivo para recusá-lo. Ele não era muito alto, nem muito baixo. Não era muito moreno, nem muito branco. Seu cabelo não era muito liso, nem muito crespo.
A medida que a princesa o observava, ia ficando encantada, e a medida que o pretendente a observava, começou achar que morar embaixo de um viaduto não era tão mal assim. Provavelmente não faria muito frio nos próximos invernos. A princesa falou com ele numa voz que ela pretendia ser doce e gentil, mas como ela não estava acostumada, a voz saiu esganiçada: Me fale quais são suas qualidades. O pretendente vendo a feiúra da princesa e ouvindo aquela voz , teve certeza que preferia morar embaixo do viaduto. Então ele respondeu: Eu ronco. A princesa que estava impressionadíssima, não se sabe se com a sua aparencia ou com a ousadia, perguntou fazendo biquinho: mais alguma qualidade? Depois disso o pretendente estava mais desesperado do que o Rei e fez a última tentativa: Eu não como comida feita por criados e exijo que minha roupa seja lavada por você. Fechou os olhos e esperou a reação da princesa.
Totalmente apaixonada ela falou: Eu o escolho! Guardas, não o deixem escapar.

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