Não sou uma pessoa medrosa, mas coragem tem limites. Um dos meus limites é lagartixa. Até o nome é aterrador, mas não pensem que me preocupo com elas 24 horas por dia, apenas quando alguma resolve visitar a minha casa ou me atacar. Não gosto que as pessoas se arvorem em defensoras desta praga, dizendo que elas “limpam” a casa caçando insetos. Pra que existe inseticida? Insistem em dizer que elas não fazem mal a ninguém. A mim faz, elas me perseguem. Três vezes fui atacada por estes monstros, nem sei como sobrevivi.

A minha primeira vez foi no cinema. Eu tinha dezessete anos. Fui com minha irmã e meu cunhado visitar minha outra irmã que tinha se mudado para outra cidade. Isso deveria bastar, mas a minha irmã quis ir ao cinema. Deixei minha roupa separada em cima da cama, enquanto tomava banho. Era um vestido abotoado na frente até a cintura e com um cinto largo.

Quando nos sentamos no cinema e a luz se apagou, senti uma coceira nas costas na altura de cintura. Cocei. Toda hora sentia como se tivesse um fiapo ou um fio de cabelo me incomodando. O filme começou e eu não conseguia prestar atenção, por que tinha que sentar na ponta da cadeira pra me coçar. Minha irmã já estava incomodada com a minha falta de modos. A comichão estava aumentando e pedi pra minha irmã coçar pra mim. De má vontade, olhando pra tela ela deu uns apertões e ainda falou que iam pensar que ela estava dando corda em mim. Não achei a menor graça, principalmente porque depois dos apertões dela a situação piorou. Sem falar nada, peguei-a pela mão e a levei ao banheiro. Ela não estava entendendo nada. Eu estava apavorada, pois sabia que alguma coisa viva estava debaixo do meu vestido. Devo ter falado isso pra ela. Mal entramos no banheiro, antes mesmo de fechar a porta eu tirei o vestido e joguei no chão, lá estava a infeliz avariada, principalmente pela inabilidade da minha irmã. O que era suspeita se transformou em uma terrível realidade: uma lagartixa horrorosa tinha entrado no meu vestido enquanto eu tomava banho, e ficou presa no cinto. Claro que eu gritei, chorei assustando as moças que tinham se enfiado no banheiro pra fumar. Claro que a minha irmã morreu de rir. Eu não queria mais vestir o vestido. Na verdade não queria minhas costas também. Minha irmã estava muito empenhada em continuar assistindo o filme e não ficar com uma pessoa histérica e nua no banheiro. Fingindo se importar comigo revistou o meu vestido e livrou-se dos vestígios da praga tentando me convencer a colocar o vestido. Toda hora entrava alguém no banheiro e ficava sem entender o que estava acontecendo, pois a estropiada tinha se evadido toda ofendida. Sem alternativa vesti o vestido e voltamos pro cinema. Não tenho a menor idéia que filme estava passando, também não sei se ficamos até o final. Provavelmente fomos embora antes do final, pois minha irmã estava ansiosa pra contar o que ela chamou de vexame.
Agora me digam que inseto a maldita estava caçando dentro do meu vestido que eu tirei da mala, passei e coloquei esticadinho em cima da cama?
31/12/09

3 comentários:

Maria Arteira disse...

Concordo com vc.Eu tenho verdadeiro pavor dessas pragas e quando aparecem , trata de jogar mortex, rodox, o que tiver prá mandar as infelizes caçarem na casa de quem as adora. Eu varreria esses bichos da fase da terra.
Calculo o seu desespero , eu infartaria.
bj

Maria Arteira disse...

VOLTEI ..
Vou seguir você, adorei seu jeito de contar estória. Me visite quando puder.
bj
http://noveloscoloridos.blogspot.com

Anônimo disse...

Nossa ke exagero. Chamar lagatixa de monstro, é demais.Ta elas são horriveis no aspecto, ñ vejo utilidade nelas, até já fui atacada por uma.
Mas! eu acho ke monstro deve ser uma coisa enorme. Pense, uma pessoa ke tem falta de vista, ñ vai enxergar a bichinha, ou até pode pensar ke está c/ problema na vista por ver uma manchina se movendo. certo? certo.Deixa de exagero!

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