Enfim chegou
o dia do churrasco e Jorge já não estava achando a idéia tão boa. Impossível não
comparar com as pessoas com que ele se relacionava agora. Ele sempre criticou
os amigos da Helena e Adalberto por achá-los esnobes, mas não podia negar que
eles eram no mínimo, civilizados. Dos seus convidados, poucos se comportavam
com educação, mas a maioria era uma lástima. Depois de beberem então, ficaram
impossíveis, quase incontroláveis. Por sorte ele teve o cuidado de contratar
garçons e cozinheiros de uma empresa diferente da que Helena costumava
contratar. Também deu folga pra dona Genoveva e suas ajudantes. Seus filhos como
ele tinha presumido, foram passar o fim de semana fora.
O motivo
pelo qual Jorge quis rever os amigos foi pra falar de Janaina, conseguir
cumplicidade para alugar uma casinha, mas viu que não tinha sentido falar sobre
isso com essas pessoas que também não tinha muito a ver com ele. E esse pessoal
não tinha pressa de ir embora. O sol já tinha ido e eles estavam lá, firmes.
Trouxeram até violão e se puseram a tocar e cantar. O churrasqueiro falou que
seu turno e dos garçons estava acabando e perguntou se era pra chamar outros
para substituí-los. Jorge os dispensou
achando que com isso os convidados dariam por encerrada a festa, mas eles se
ofereceram pra assar a carne e eles mesmo se serviriam de bebida. Que Jorge não
se preocupasse que com eles não tinha frescura. Jorge não estava preocupado, estava desesperado, pois
além de não estar se divertindo ainda teria que limpar
e arrumar aquela bagunça. Sorte que a churrasqueira e a piscina ficavam longe
da casa, senão a bagunça seria maior. Apenas algumas mulheres se aventuraram a
dar numa espiada.
Sem a
mordomia dos garçons e do cozinheiro a festa foi esfriando e algumas pessoas
foram embora, não sem antes fazer a inevitável piada que tinham que ir que
estava na hora do jantar. Já era meia-noite quando o último convidado foi
embora. Jorge estava mais cansado do que quando jogava futebol com os
empregados. Era melhor dormir e limpar amanhã, mais
descansado.
Jorge
demorou dormir, estava preocupado com a bagunça e arrependido desta idéia
maluca. Não serviu pra nada esta volta ao passado. Gastou um dinheirão pra
fazer bonito pra estas pessoas, por nada! A possibilidade de alugar a casinha estava
descartada.
Tinha certeza que estes amigos não largariam
mais do seu pé. Iriam convidá-lo pra todo tipo de festa: aniversários,
noivados, casamentos. E o que era pior, insistiriam em voltar a sua casa para outro
churrasco! Seria muito interessante ver a cara da Helena no meio desta turma!
Jorge passou
a manhã de domingo recolhendo lixo, lavando o quintal, limpando a piscina.
Enquanto limpava começou a lembrar da festa, a expectativa em relação à mesma e
a trabalheira que estava tendo agora e caiu na gargalhada. Que ridículo! Só rindo mesmo.
Muito
cansado para almoçar fora, comeu um congelado qualquer e planejou dormir a
tarde toda, mas o celular tocou e era Janaina, toda amorosa. Que droga! Justo
hoje que estava todo dolorido! A culpa é da Helena. Se ela não tivesse viajado
esse malfadado churrasco não teria acontecido. Recusar-se a encontrar Janaina
estava fora de cogitação, o jeito seria tomar um analgésico e fingir que estava
bem.
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