Vocês já sabem que eu não sou medrosa, mas não quero que pensem que tenho mania de perseguição. Sou perseguida mesmo.

O segundo ataque aconteceu assim: eu estava sentada na varanda encapando os cadernos dos meus sobrinhos. Como não tenho mania de perseguição, não examinei as paredes e o teto antes. Distraída entre cadernos, plásticos e durex não percebi que havia uma atividade sexual travada por criaturas monstruosas logo acima da minha cabeça. Meu cabelo era bem comprido. Muito cabelo e crespo. O lugar ideal para duas lagartixas apaixonadas. Elas se atiraram no meu cabelo e eu disparei para o quintal gritando. Até aquele dia eu acreditava que a dona Laurinda, a senhora que trabalhava para a minha irmã, era a mulher mais corajosa que eu conhecia. Acreditava também que ela me amava muito. Duas decepções no mesmo dia. Ela não enfrentou os monstros e ainda riu muito da minha situação. Meus sobrinhos ficaram apavorados, no começo sem entender o que estava acontecendo, depois entendendo e assustados.

Não tenho certeza como as malditas caíram talvez os meus gritos tenham esfriado o entusiasmo e elas tenham resolvido procurar um lugar mais tranqüilo. Estava aliviada por ter me livrado das monstruosas criaturas, decepcionada com a dona Laurinda e com nojo do meu cabelo.

Passei a tomar mais cuidado, examinava sempre as paredes e o teto antes de entrar em algum lugar, mas isso não impediu O TERCEIRO ATAQUE.

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