Janaina
No bairro todo mundo conhecia a fábrica de parafusos.  Sempre tinha alguém que tinha trabalhado lá,  um parente, ou um conhecido. E todo mundo pensava que Jorge era o dono, inclusive Janaina e família. Desesperada com a possível gravidez, a idéia de viver com Jorge já não parecia tão repulsiva. A possibilidade de ser mulher do dono da fábrica amenizava o problema. Precisava de um plano.
Jorge nunca tinha falado da mulher e ela nunca se interessou em saber, mas a situação agora exigia. Começou perguntando para os amigos que tinham trabalhado na fábrica tudo que era possível saber sem despertar suspeita, como se tivesse interessada em trabalhar lá. Perguntou como era a mulher do dono, se trabalhava lá, se freqüentava as festas, etc. O Alê falou que as duas eram muito gatas. Duas? Como assim? Ele explicou que eram dois sócios, duas mulheres. Sócio? Isso seria mais um problema. Então eles se entusiasmaram descrevendo as esposas: que eram bonitas e usavam cada roupa linda! E o cabelo? Não tinha um fio fora do lugar. E o cheiro? Só podia ser perfume francês. Falaram das jóias, do sapato e até das unhas.  Janaina ficou deslumbrada só em pensar que um dia a descreveriam assim.
Não ajudou muito saber como era a mulher do Jorge, mas pelo menos ela ficou mais motivada a viver com ele.

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