TIANA
Tiana nasceu pobre numa família de doze filhos no sertão da Bahia. Muito jovem engravidou de um dos garotos pobres como ela, com os quais ela se divertia. Nasceu Jucimara e sua mãe aproveitou o pretexto para mandá-la para o sul morar com uma prima distante.
Foi uma experiência terrível, pois para pagar sua estadia, tinha que trabalhar e muito para a parenta, além de cuidar de Jucimara, que não era uma criança fácil. Morria de vontade de sair pra dançar e namorar. Tinha saudade da liberdade que tinha no sertão, mas a parenta não facilitava, sempre alertando do perigo de engravidar novamente. Sem contar que a parenta não tomaria conta de Jucimara pra Tiana se esbaldar.
Foram quatro anos de sacrifício, trabalhando em troca de casa e comida pra ela e a filha, até conhecer Raimundo um caminhoneiro nordestino que se interessou por ela e a convidou para morar com ele sem se importar por ela já ter uma filha.  Ela aceitou de pronto, já imaginando uma boa vida, tendo sua própria casa, conta no banco, talvez até aprendesse dirigir...  foi com este espírito, e de nariz empinado que ela deu a notícia pra parenta. Claro que a parenta disse que ela estava sendo ingrata, mas não ia fazer nada pra impedir, que se Tiana quebrasse a cara  ela não a aceitaria de volta! Dito isso a parenta ligou pra Bahia e encomendou outra para substituir Tiana.

JANAÍNA
Janaína tem vinte e três anos, trabalha em um supermercado de bairro e está apaixonada.  Infelizmente é um amor impossível, pois ele é pobre! Sua mãe não pode nem sonhar que ela se encontra com Mateus. Tem que viver se escondendo como uma criminosa, pra poder namorar. E o pior é que Mateus nem se incomoda com a situação. Acha que sua mãe está certa em querer que ela dê o golpe no velho.
Até conhecer o Mateus, tudo bem em se aproveitar da ingenuidade do velho babão. Era divertido contar histórias tristes da sua vida, reclamar do padrasto, dizer que sua mãe era conservadora e que sonhava vê-la casando de véu e grinalda. Ele ficava tão apavorado com a possibilidade de perdê-la, que a recompensava generosamente.  Terrível era ter que sorrir ouvindo as intermináveis e chatas histórias de como ele começou por baixo e foi subindo por merecimento. Ouvi-lo falar do preço do aço, de encrencas com funcionários e blá, blá, blá. Era conversa que não acabava mais. 
Janaína inventou que sua mãe não poderia saber sobre o seu relacionamento com Jorge, pois assim ela tinha desculpa para ficar algum tempo sem se encontrarem, mas a mãe logo a pressionava com medo de perder a galinha dos ovos de ouro.  Dizia que com o dinheiro que ele tinha se ela não se empenhasse, outra espertinha ia se candidatar. Aí ela ligava de um telefone público e dizia que estava com saudade, carente ou qualquer outra bobagem do gênero, e o Jorge acreditava.  Lá ia ela agüentar as chatices e outras coisas mais. Ainda bem que existe whisky. Era só incentivar ele beber que ele logo dormia e quando acordava não se lembrava de quase nada, então era só fantasiar um pouco que ele acreditava que tinha sido um amante incrível.
(continua)







HELENA
A mulher do Jorge tem cinqüenta anos e também se considera uma mulher de sorte. Herdeira da metade da fábrica de parafusos, uma empresa rentável que não lhe dá a menor preocupação, pois Jorge toma conta com competência, amor e carinho. Tem dois filhos adultos, saudáveis. Tem um bom emprego e... um amante. E que amante! Jovem, bonito, atlético. Trabalha em medicina esportiva, um trabalho que exige que faça muitas     viagens, inclusive para outros países. (ele fala outras línguas).
Ao contrário de Jorge, ela não está apaixonada, está só exercendo o direito de se divertir, mas o jovem está muuuito apaixonado. Morre de ciúmes, até do Jorge. Quer que Helena se divorcie para ficar com ele! Coisa que não lhe passa pela cabeça, fazer. A diferença de idade não é tão gritante como a diferença do Jorge e sua “namorada”, mas Roger é mais novo que ela e no futuro esta diferença vai pesar. Sem contar que ela não o ama, então não é o caso de acabar um casamento de anos por uma aventura.
Helena tem o melhor emprego que alguém poderia querer na atual circunstancia: é corretora de imóveis. Pode ir a qualquer lugar com qualquer pessoa sem chamar atenção. Inclusive foi assim que conheceu Roger, mostrando um apartamento que ele acabou comprando.

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